Autismo leve Autismo leve

Autismo leve: o que é e como reconhecer

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O autismo leve, também conhecido como Transtorno do Espectro Autista (TEA) de nível 1, é uma condição do espectro autista caracterizada por desafios sociais e comportamentais mais sutis.

Pessoas com autismo leve frequentemente têm inteligência dentro da média ou acima dela e conseguem realizar atividades cotidianas com pouca ou nenhuma ajuda, no entanto, ainda podem enfrentar dificuldades em interações sociais e comunicação.

Neste artigo separamos tudo o que você precisa saber sobre esse transtorno. Confira!

Definição e características do autismo leve

O autismo leve é definido pela presença de alguns sinais de autismo que não comprometem significativamente a vida diária.

Características comuns incluem dificuldade em manter conversas, interpretar linguagem corporal e compreender normas sociais.

Autistas de grau leve também podem apresentar comportamentos repetitivos e interesses restritos.

Autismo leve

Sintomas de autismo leve em crianças

O autismo leve apresenta uma gama de características que podem afetar a comunicação social, o comportamento e a aprendizagem da criança.

Comunicação social:

Durante as comunicações sociais, a criança autista pode apresentar as seguintes dificuldades:

  • Dificuldade em interagir com outras crianças: podem ter menos interesse em brincadeiras em grupo, preferindo brincar sozinhas;
  • Comunicação verbal limitada: atraso na fala, vocabulário restrito, dificuldade em iniciar e manter conversas, uso repetitivo de linguagem;
  • Dificuldade em compreender linguagem não verbal: expressões faciais, sinais corporais, tom de voz podem ser interpretados de forma incorreta;
  • Falta de contato visual: podem evitar olhar nos olhos das pessoas durante a conversa;
  • Dificuldade em expressar emoções: podem ter dificuldade em demonstrar alegria, tristeza, raiva ou frustração.

Comportamento:

As crianças com grau leve de autismo podem apresentar os seguintes comportamentos:

  • Interesses restritos e fixos: podem ter um foco intenso em um único tema ou atividade, com dificuldade em mudar para outros interesses;
  • Comportamentos repetitivos: movimentos repetitivos (bater as mãos, balançar o corpo), apego a rotinas rígidas, resistência a mudanças;
  • Sensibilidade sensorial: podem ter reações fortes a estímulos sensoriais como barulho, luz, toque ou textura;
  • Dificuldade em se adaptar a novas situações: mudanças na rotina, ambientes novos ou eventos sociais podem causar ansiedade e frustração.

Aprendizagem:

Crianças com grau leve de autismo podem apresentar dificuldades em:

  • Dificuldade em prestar atenção: podem se distrair facilmente com estímulos externos ou ter dificuldade em manter o foco em tarefas;
  • Dificuldade em seguir instruções: podem precisar de instruções mais detalhadas ou repetidas para entender o que é esperado;
  • Dificuldade em aprender em ambientes tradicionais: podem se beneficiar de métodos de ensino mais individualizados ou com menos estímulos.

Identificar os sintomas de autismo leve é essencial para o diagnóstico precoce e intervenção adequada.

Sintomas de autismo leve em adultos

Em adultos, o autismo leve apresenta características similares às da infância, mas com algumas diferenças e desafios específicos.

Comunicação social:

Durante a comunicação social os adultos com grau leve podem apresentar dificuldades em:

  • Dificuldade em interações sociais: dificuldade em iniciar, manter e interpretar conversas, falta de empatia, dificuldade em entender ironias e sarcasmo;
  • Comunicação verbal: fala eloquente, mas com dificuldade em se comunicar de forma natural e espontânea, uso frequente de linguagem literal, dificuldade em adaptar a comunicação ao contexto;
  • Expressões não verbais: dificuldade em interpretar e expressar emoções, expressões faciais limitadas, contato visual inadequado;
  • Interesses restritos: foco intenso em um ou poucos tópicos, dificuldade em se interessar por outros assuntos, conversas frequentes sobre os mesmos temas.

Comportamento:

As dificuldades comportamentais de um adulto com autismo leve, podem ser:

  • Rotinas rígidas: apego excessivo a rotina e horários, resistência a mudanças, ansiedade em situações novas ou inesperadas;
  • Comportamentos repetitivos: manias, interesses repetitivos, movimentos repetitivos (bater as mãos, balançar o corpo);
  • Sensibilidade sensorial: reações fortes a estímulos sensoriais como barulho, luz, toque ou textura;
  • Dificuldade em organização e planejamento: dificuldade em gerenciar tempo, organizar tarefas, e se manter focado em metas.

Outras características:

Também devem ser observadas outras características, como:

  • Desempenho acadêmico desigual: podem ter alto desempenho em algumas áreas específicas, enquanto apresentam dificuldades em outras;
  • Dificuldades em relacionamentos: dificuldade em formar e manter relacionamentos amorosos e de amizade, interpretação errada de sinais sociais, dificuldade em expressar sentimentos;
  • Isolamento social: preferência por ficar sozinhos, dificuldade em se conectar com outras pessoas, sentimento de solidão;
  • Ansiedade e depressão: mais propensos a desenvolver ansiedade e depressão devido aos desafios da vida social e profissional.

Como identificar autismo leve?

O diagnóstico preciso requer avaliação por um profissional qualificado, como psicólogo, psiquiatra ou neurologista especializado em TEA.

A identificação do autismo leve pode ser desafiadora devido à sutileza dos sintomas.

Para um diagnóstico exato, serão realizados testes psicológicos, observações comportamentais, e se necessário, entrevistas com familiares.

Direitos do autismo leve

No Brasil, as pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA), inclusive aquelas com autismo leve, possuem diversos direitos garantidos por lei.

Lei Berenice Piana (Lei n.º 12.764/2012)

Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista, estabelece os direitos básicos das pessoas com TEA, incluindo:

  • Diagnóstico precoce e acompanhamento especializado: garante o acesso a diagnóstico e acompanhamento por profissionais qualificados, desde a infância;
  • Terapias e medicamentos: assegura o acesso a terapias e medicamentos necessários para o tratamento do TEA;
  • Educação inclusiva: garante o direito à educação em escolas regulares, com o suporte necessário para atender às necessidades individuais de cada aluno;
  • Proteção social: assegura o acesso a benefícios sociais, como BPC (Benefício de Prestação Continuada) e LOAS (Lei Orgânica da Assistência Social), quando necessário;
  • Acessibilidade: garante o direito à acessibilidade física, comunicacional e de transporte, assegurando a participação plena da pessoa com TEA na vida social;
  • Trabalho e emprego: garante o direito ao trabalho e emprego, com medidas de inclusão no mercado de trabalho e proteção contra a discriminação.

Outras leis relevantes

É importante destacarmos que a efetivação dos direitos das pessoas com TEA depende da atuação conjunta de diversos setores da sociedade, incluindo governos, instituições e a própria população.

É fundamental buscar informações e conhecer os seus direitos para garantir que sejam devidamente respeitados.

Em caso de dúvidas ou violações de direitos, procure órgãos de defesa do consumidor, Ministério Público ou entidades de apoio à pessoa com autismo.

Estereotipia no autismo leve

As estereotipias, também conhecidas como “stims”, são comportamentos repetitivos e sem objetivo aparente que são comuns em pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA), inclusive no autismo leve.

Podem ser considerados estereotipias, movimentos repetitivos, como bater as mãos, balançar o corpo, girar objetos, tocar o rosto e, estalar os dedos.

Sons repetitivos, como bater os dentes, assobiar, cantarolar e fazer sons guturais.

E comportamentos repetitivos, como falar a mesma frase repetidamente, organizar objetos de forma específica e seguir rotinas rígidas.

Funções das estereotipias

As estereotipias podem ajudar a regular a entrada sensorial, filtrando estímulos excessivos e organizando as informações sensoriais.

Elas também podem servir como forma de comunicação não verbal, expressando emoções como alegria, ansiedade, frustração ou tédio.

Em alguns casos, as estereotipias também podem ajudar a manter o foco e a concentração em tarefas específicas.

Impactos das estereotipias no autismo leve

Em alguns casos, as estereotipias podem ser percebidas como estranhas ou excêntricas por outras pessoas, levando a dificuldades na interação social.

Em casos raros, estereotipias mais intensas podem causar autolesões leves, como beliscar ou bater na pele.

As estereotipias também podem contribuir para o estigma social em torno do autismo.

Abordagens para as estereotipias:

Nem todas as estereotipias precisam ser interrompidas, se a estereotipia não causar desconforto ou interferir na vida da pessoa, não há necessidade de intervenção.

A necessidade e o tipo de intervenção devem ser avaliados individualmente, considerando a função da estereotipia e o impacto na vida da pessoa.

Terapias Ocupacionais podem ajudar a desenvolver habilidades alternativas para lidar com a sobrecarga sensorial e expressar emoções, reduzindo a necessidade de estereotipias.

Terapia Comportamental pode ajudar a identificar e modificar comportamentos estereotipados, os substituindo por outros mais adequados.

Ambiente sensorialmente adequado pode criar um ambiente com menos estímulos sensoriais o que ajuda a reduzir a necessidade de estereotipias para autorregulação.

O que pode ser confundido com autismo leve?

O diagnóstico preciso do Transtorno do Espectro Autista (TEA), especialmente em sua forma leve, pode ser desafiador devido à sobreposição de sintomas com outras condições, como:

  • Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH): o TDAH compartilha a presença de desatenção, hiperatividade e impulsividade, mas geralmente não apresenta as dificuldades sociais e de comunicação características do TEA;
  • Ansiedade social: pode apresentar timidez, medo de situações sociais e dificuldade em interagir com outras pessoas, mas geralmente não possui as restrições de interesses e comportamentos repetitivos do TEA;
  • Transtornos do desenvolvimento da linguagem: podem apresentar atrasos na fala e na linguagem, mas geralmente não possuem as dificuldades de interação social e comportamentos repetitivos do TEA;
  • Transtornos específicos de aprendizagem: podem apresentar dificuldades em leitura, escrita ou matemática, mas geralmente não possuem as dificuldades de interação social e comportamentos repetitivos do TEA;
  • Transtornos do processamento sensorial: podem apresentar hipersensibilidade a estímulos sensoriais, mas geralmente não possuem as dificuldades de interação social e comportamentos repetitivos do TEA;
  • Depressão: pode apresentar apatia, desânimo e desinteresse em atividades, mas geralmente não possui as dificuldades de interação social e comportamentos repetitivos do TEA.

O diagnóstico preciso do autismo leve requer avaliação profissional especializada e leva em consideração a combinação de diversos sintomas, sua intensidade, persistência e impacto na vida da pessoa.

Tratamento para autismo leve

Tratamento para autismo leve

Com o tratamento e apoio adequados, as pessoas com autismo leve podem alcançar uma vida plena e significativa.

Os objetivos do tratamento envolvem desenvolver a capacidade de iniciar e manter conversas, interpretar pistas sociais, formar e manter relacionamentos.

Diminuir a frequência e intensidade de comportamentos como bater as mãos, balançar o corpo e gerar o desapego excessivo a rotina também é um objetivo.

Assim como fortalecer as habilidades necessárias para a vida cotidiana, como organização, planejamento e gerenciamento de tempo.

E por último, mas não menos importante, prevenir e tratar ansiedade, depressão e outros desafios emocionais que podem estar presentes.

Estratégias de tratamento

Podem ser tratamentos indicados:

  • Terapia comportamental: a ABA (Análise do Comportamento Aplicada) é uma das terapias mais utilizadas, focando em reforçar comportamentos desejáveis e reduzir comportamentos inadequados;
  • Terapia ocupacional: auxilia no desenvolvimento de habilidades motoras, sensoriais e de vida diária, promovendo a independência e participação em atividades sociais;
  • Fonoaudiologia: trabalha na comunicação verbal e não verbal, aprimorando a fala, a linguagem e a compreensão social;
  • Fisioterapia: a fisioterapia fortalece a coordenação motora, o equilíbrio e a postura, melhorando o desempenho em atividades físicas e na vida cotidiana;
  • Grupos de apoio: proporcionam um ambiente seguro para troca de experiências, aprendizado e desenvolvimento de habilidades sociais entre pessoas com TEA e suas famílias;
  • Medicamentos: em alguns casos, medicamentos podem ser utilizados para controlar sintomas como ansiedade, hiperatividade ou problemas de sono.

O tratamento e apoio para o autismo leve devem ser individualizados, considerando as necessidades e características únicas de cada pessoa.

Busque as ferramentas e o suporte necessários para alcançar seus sonhos. O autismo leve não define quem você é!

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