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Novembro Azul: câncer de próstata e importância do diagnóstico precoce

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Em novembro é realizada uma das campanhas de maior importância: o Novembro Azul, que tem como objetivo informar as pessoas sobre a prevenção do câncer de próstata. Esse tema é bastante relevante entre os brasileiros, visto que esse tipo de câncer é o segundo mais frequente entre os homens, segundo o INCA.

A melhor forma de garantir a prevenção é realizando exames de rotina, principalmente em homens a partir dos 45 anos de idade com algum fator de risco (como histórico familiar positivo para câncer de próstata) e homens a partir de 50 anos.

Com a leitura deste artigo, você entenderá por que o Novembro Azul foi criado, quando surgiu e quais são os seus dados no Brasil. Além disso, saberá como surge o câncer de próstata, quais são os seus fatores de risco e sintomas, qual é a importância do diagnóstico precoce e como realizar a prevenção correta desse câncer, dentre outras informações importantes. Confira!

O que é o Novembro Azul?

A associação de uma cor a um mês foi selecionada como uma ótima ferramenta de marketing para espalhar informações importantes sobre temas da área de saúde, o que é possível constatar com base no sucesso desta e de outras campanhas como esta — por exemplo, o Outubro Rosa.

A boa aceitação dessas iniciativas inspirou a criação de outras, como o Setembro Amarelo, com a prevenção do suicídio, o Maio Amarelo, contra os acidentes de trânsito, e o Junho Vermelho, como incentivo à doação de sangue. Esses são apenas alguns exemplos, visto que alguns meses têm, inclusive, mais de uma cor ou campanha.

Mas, afinal, como surgiu o Novembro Azul e qual é a sua relação com o câncer de próstata? Mundialmente, esse tipo de câncer é responsável por diversos óbitos. Por esse motivo, na Austrália, em novembro de 2003, surgiu um movimento chamado “Movember”, que era a junção das palavras em inglês “moustache” — que significa bigode, remetendo à figura masculina — e “november”, que, em português, quer dizer novembro.

Nesse período, diversos homens deixaram seus bigodes crescerem a fim de chamar atenção para o cuidado com a saúde masculina e o perigo do câncer de próstata. Devido ao sucesso da campanha, vários outros países adotaram o novembro como o mês para a realização da prevenção desse câncer tão comum.

Dessa forma, em 2011, o Instituto Lado a Lado pela Vida criou a campanha de Novembro Azul com o objetivo de divulgar informações sobre a doença no Brasil e incentivar os homens a realizar a prevenção, visto que esse foi e ainda é um grande tabu entre a população.

Qual é a importância do Novembro Azul?

Segundo o INCA, Instituto Nacional de Câncer, estima-se que, em 2018, 68.220 novos casos de câncer de próstata foram diagnosticados no Brasil. Em 2017, cerca de 15.400 homens foram a óbito devido a neoplasia, o que corresponde a cerca de 25% dos pacientes que desenvolvem o câncer de próstata.

Dessa forma, o câncer de próstata é o segundo tipo de tumor maligno mais comum no Brasil, ficando atrás apenas do câncer não melanoma de pele. Em relação à mortalidade, a neoplasia de próstata é o tumor que mais leva indivíduos do sexo masculino a óbito no país.

Apesar de levar muitos homens a óbito, o câncer de próstata tem um desenvolvimento lento, ou seja, cresce ao longo dos anos e também demora a dar sinais. Isso significa que o homem que realiza a prevenção rotineiramente descobrirá o câncer no início, enquanto ainda não há sintomas, aumentando a chance de cura e de repercussões negativas para a sua saúde.

Os exames de rastreamento são recomendados a partir dos 50 anos ou acima dos 45 quando há algum fator de risco, como história familiar positiva para câncer de próstata. Isso significa que homens que tenham pais ou avós que tiveram a doença têm uma chance maior de desenvolvê-la. O rastreamento é feito, basicamente, pelo toque retal e o exame de PSA, que é dosado no sangue.

O problema é que ainda existe um grande preconceito em relação ao exame de toque retal, o que atrapalha a detecção precoce do câncer de próstata. Acredita-se que isso se deve ao fato de que, ao longo dos anos, a região anal foi associada a relações sexuais promíscuas, atribuídas apenas às relações homoafetivas.

Como a cultura brasileira ainda é bastante machista, a premissa citada está arraigada nos homens, que muitas vezes se recusam a realizar o exame como forma de comprovar a sua masculinidade. Além disso, a manipulação da próstata está associada a um risco de disfunção erétil, condição muito temida pelo público masculino, o que não acontece na realidade.

Para que esse preconceito diminua e informações verídicas sejam disseminadas, foi criado o Novembro Azul. Afinal, a divulgação de informações sobre a doença e sua prevenção, assim como campanhas de conscientização, são fundamentais para explicar a importância dos exames e os perigos que se corre quando a prevenção não é feita.

Quais atividades são realizadas no Novembro Azul?

Nos postos de saúde, clínicas, consultórios e hospitais existem várias estratégias para conscientizar o público masculino sobre o câncer de próstata. Dentre elas, estão palestras realizadas por médicos e enfermeiros, com orientações sobre como é feito o toque retal, qual é a importância do PSA no tumor maligno de próstata e quais são as repercussões na saúde que esse câncer pode causar.

Nessas palestras, também é fundamental orientar os pacientes sobre quais são os sintomas mais comuns do tumor de próstata e o que fazer caso eles surjam. Além disso, são oferecidas consultas médicas e agendamentos de testes de PSA para os participantes. Isso é importante porque homens que se recusaram a realizar o exame de toque retal podem ser convencidos caso o resultado do PSA venha alterado, indicando riscos.

Nas salas de espera e nas visitas domiciliares, realizadas pelas agentes comunitárias de saúde, há incentivo a marcação de consultas periódicas, que devem ser feitas, no mínimo, uma vez por ano. Outra estratégia inclui divulgar informativos, vídeos, esquemas e outros recursos que chamem a atenção para a prevenção e o diagnóstico precoce do câncer de próstata.

Além do que é realizado no Novembro Azul, é fundamental que médicos, enfermeiros e outros profissionais da área de saúde sejam orientados a estimular rotineiramente os pacientes a realizar os exames de toque e de PSA.

Quais são os sintomas do câncer de próstata?

Geralmente, o câncer de próstata não apresenta sinais ou provoca sintomas em suas fases iniciais. O seu crescimento é lento, podendo levar vários anos para causar algum problema identificável. É por esse motivo que a prevenção, por meio dos testes, é tão importante para diagnosticar o câncer de próstata precocemente.

Quando há sinais de aumento da próstata, devido ao crescimento das células da glândula, há sintomas semelhantes ao da hiperplasia prostática, condição benigna. Nesses casos, há dificuldade para urinar, sensação de esvaziamento incompleto da bexiga, necessidade de urinar várias vezes durante o dia e urina em gotejamento.

Os sintomas relacionados ao câncer de próstata começam a aparecer quando a doença está em fase bastante avançada. Nesse caso, há sintomas como dor óssea, devido as metástases do câncer de próstata, dor e dificuldade para urinar, presença de sangue na urina ou no sêmen e vontade de urinar com frequência.

Quais são os fatores de risco do câncer de próstata?

1. Histórico familiar positivo

Sabe-se que homens que tem pais, tios, avós ou irmãos com câncer de próstata têm uma chance maior de desenvolver a doença. Isso porque acredita-se que o desenvolvimento do câncer, ou seja, o estímulo para a replicação desenfreada das células, responda a algum componente genético que pessoas da mesma família compartilham.

2. Obesidade e sedentarismo

A obesidade tem algumas relações com o câncer de próstata. Esse é um fator de risco para o diagnóstico precoce porque o excesso de peso pode dificultar o exame de toque retal. Além disso, a obesidade interfere no comportamento do tumor, que, nesse grupo da população, pode se tornar mais agressivo.

Acredita-se que isso esteja relacionado ao aumento do tecido adiposo que acontece tanto na obesidade quanto no sedentarismo, causando alterações nos níveis hormonais de testosterona, que age na próstata, e aumento de componentes inflamatórios, criando um ambiente propício para a multiplicação de células tumorais.

3. Cigarro

Ainda não se sabe se o tabagismo está relacionado intimamente com o surgimento do câncer de próstata. No entanto, sabe-se que a pessoa que fuma expõe o seu organismo a diversos agentes carcinógenos, ou seja, que propiciam o aparecimento e desenvolvimento de câncer.

Além disso, o ato de fumar está relacionado ao prognóstico da doença. Segundo a renomada universidade de Harvard, nos EUA, homens que fazem uso do cigarro e são afetados pelo câncer de próstata tem uma chance 61% maior de ir a óbito do que aqueles que não se expõem a fumaça de cigarro.

Esse estudo também concluiu que o tumor maligno nos fumantes se desenvolvia mais rapidamente, ou seja, era mais grave no momento do diagnóstico. Essa informação é relevante, uma vez que muitos homens só descobrem o câncer de próstata em estágios avançados. Além disso, o tabagismo aumenta a chance de recidiva da doença.

4. Idade

O câncer de próstata é mais comum em indivíduos idosos. Dessa forma, a prevenção deve ser iniciada a partir dos 50 anos. Pessoas que tem casos na família de tumor devem iniciar os exames de PSA e toque retal aos 45 anos, visto que nesse grupo a doença pode surgir mais precocemente.

5. Inflamações na próstata

Existem algumas doenças sexualmente transmissíveis que inflamam a próstata, o que causa um fator de risco para o desenvolvimento de câncer. É por esse motivo que essas doenças devem ser tratadas precocemente. Além disso, é fundamental utilizar preservativo para diminuir a chance de contaminação por vírus e bactérias relacionados a DST’s.

Como é feito o diagnóstico precoce e qual é a sua importância?

O rastreio do câncer de próstata é feito em duas etapas. A primeira delas é o exame físico (de toque), que é realizado pelo médico e dura menos de 10 segundos. O objetivo do toque é analisar a consistência da próstata, o seu tamanho e se existem lesões palpáveis, como nódulos, por meio do reto na glândula. Isso porque o reto está em contato íntimo com a próstata. Apesar de ser simples e rápido, esse exame ainda gera muita polêmica, sendo o motivo para que muitos homens não procurem ajuda médica.

A segunda etapa do rastreio é o PSA. O PSA, ou Antígeno Prostático Específico, é uma proteína encontrada no tecido prostático e no sangue. Normalmente, o valor de PSA que levanta preocupações é acima de 3 a 4. Ela pode estar alterada em vários contextos, como nos casos de hiperplasia prostática benigna, infecções da próstata e também quando há tumor maligno. Além disso, um resultado normal de PSA não exclui a possibilidade de câncer. Por isso, é fundamental correlacioná-lo ao que foi encontrado no toque retal.

O rastreamento, feito por meio de exames de PSA e de toque, permite que o tumor seja encontrado em suas fases iniciais. Felizmente, quando a doença é detectada nas primeiras fases, a chance de cura é maior que 90%. Dessa forma, o paciente não apenas pode ser curado, como também tem qualidade de vida. Afinal, quando o câncer de próstata se dissemina para regiões próximas, são necessárias medidas radicais.

Se houver disseminação para os testículos, por exemplo, a retirada é necessária. Sem a testosterona produzida por essas glândulas, o homem fica mais propenso a desenvolver osteoporose, doenças cardiovasculares e dificuldades cognitivas, assim como pode ter alterações em sua libido.

Além do risco de disseminação do câncer, as cirurgias para retirada total da próstata têm um alto risco de causar incontinência urinária e impotência sexual. Isso acontece porque o tumor de grande tamanho impede a preservação dos feixes nervosos, o que não aconteceria com tumores de menor tamanho.

Por fim, submeter-se aos testes de rastreamento, a fim de promover o diagnóstico precoce, é importante para evitar as metástases. A metástase óssea, que acontece frequentemente entre as metástases de câncer de próstata, provoca dores e aumenta o risco de fraturas. Portanto, é imprescindível evitar a metástase, estágio bastante avançado da doença. Mas, para isso, é preciso que o tumor seja diagnosticado rapidamente e tratado corretamente.

Caso haja suspeita de câncer de próstata, os médicos geralmente optam por uma biópsia. Alterações na região, como de consistência e presença de nódulos, além de níveis aumentados de PSA no sangue, levantam a suspeita de uma neoplasia. O procedimento, que é cirúrgico, consiste em retirar pequenos fragmentos da próstata para análise por um patologista.

Para isso, é introduzido um aparelho de ultrassom no canal retal do paciente, o que proporciona a visualização da glândula e a introdução de uma agulha para colher os fragmentos. Atualmente, para acertar a região em que será colhida a amostra, utiliza-se a ajuda da ressonância magnética. Isso porque esse exame permite que o local mais provável da lesão seja identificado e, dessa forma, é possível retirar fragmentos diretamente da área suspeita, o que aumenta as chances de diagnóstico.

4 dúvidas mais comuns sobre o câncer de próstata

1. Qual é a função da próstata?

A vagina, órgão feminino, é uma região pouco acolhedora para os espermatozoides, visto que sua superfície tem algumas defesas, como a produção de ácido pelos lactobacilos. Outra proteção é o líquido que lubrifica a vagina no momento da relação sexual, pois contém anticorpos e antígenos prontos para destruir qualquer micro-organismo que tente alcançar o útero, sejam bactérias, vírus ou espermatozoides.

Sendo assim, para que o óvulo consiga ser fecundado, é importante que os gametas masculinos superem as barreiras criadas pela vagina. O que facilita o trajeto dos espermatozoides é o sêmen liberado durante a relação sexual. Esse líquido viscoso contém os gametas masculinos, provenientes dos testículos, líquido seminal, produzido pelas glândulas seminais, e líquido prostático, da próstata.

Os líquidos seminal e prostático tem um ph alcalino, o que ajuda a neutralizar a acidez do trato genital feminino que mata os espermatozoides. Dessa forma, sem esses líquidos, os espermatozoides não conseguiriam sobreviver. Além disso, a próstata produz enzimas que tornam o sêmen mais líquido, o que é fundamental para que os espermatozoides se movimentem rapidamente até encontrar o óvulo.

2. O câncer de próstata causa infertilidade?

O câncer de próstata, geralmente, não compromete a fertilidade do homem. Problemas na próstata, como o tumor, podem atrapalhar a produção de líquido prostático, o que causaria um problema para anular a acidez vaginal e para a locomoção dos espermatozoides. No entanto, essa não é uma causa relevante de infertilidade.

Na realidade, o que acontece está relacionado ao tratamento, uma vez que ele é bastante agressivo, sendo que um dos efeitos colaterais é a infertilidade. No caso de cirurgias para retirada do tumor, a próstata e as vesículas seminais são retiradas, e os canais deferentes, que têm como função levar os espermatozoides do epidídimo até a uretra, são suturados, causando uma obstrução.

Dessa forma, ocorre uma azoospermia obstrutiva. Isso significa que o homem ainda produz os espermatozoides, mas eles não saem no sêmen. A boa notícia é que existem métodos de reprodução assistida, que possibilitam retirar os espermatozoides do local em que estão sendo produzidos e implantá-los no útero ou realizar a fecundação para posterior implantação do embrião no útero.

LEIA TAMBÉM: Prevenção câncer de próstata: saiba como é diagnosticado!

3. O que é vigilância ativa?

Em alguns homens, o câncer de próstata tem um desenvolvimento bastante lento e pode ser somente acompanhado, ou seja, não é necessário tratamento com cirurgia. No entanto, isso só pode ser definido pelo médico com base em alguns critérios e no acompanhamento rotineiro.

O acompanhamento é feito dosando o PSA trimestralmente, e é necessário realizar biópsia. Além disso, o toque retal é realizado e são indicados outros exames, como a ressonância magnética, semestralmente, para detectar qualquer evolução da doença.

Na biópsia da próstata, é ideal que sejam colhidos, no mínimo, 12 fragmentos de locais distintos. Os homens que podem ser incluídos na vigilância ativa são aqueles que apresentam tumores de baixo grau e com menos de 50% de volume na amostra, tendo células tumorais em no máximo 3 amostras de 12.

Células mais diferenciadas observas pelo patologista indicam menor agressividade, enquanto células indiferenciadas revelam um tumor agressivo e que não pode ser acompanhado por vigilância ativa.

Também é importante que o PSA esteja mais baixo (menor que 10). Outro critério imprescindível é que o tumor não tenha se espalhado para fora dos limites da próstata, visto que, nesses casos, opta-se por cirurgia.

4. Como é feito o tratamento para câncer de próstata?

O tratamento para câncer de próstata é feito com cirurgia. Nesse caso, o médico pode optar pela prostatectomia parcial ou radical, ou seja, retirada de apenas uma parte ou de toda a próstata. Em alguns casos, é necessário retirar alguns tecidos vizinhos e outros órgãos, devido à disseminação da doença. Após esse procedimento, podem ser indicadas sessões de quimioterapia ou radioterapia.

É importante que toda a população saiba que o exame de toque e a dosagem de PSA devem ser realizados anualmente, como rotina. Além disso, todo o público masculino precisa compreender que o cuidado com a saúde do homem é fundamental e deve estar acima de qualquer preconceito.

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