Na infância, doenças graves, como o câncer infantil, costumam ser muito alarmantes. Afinal, os pais e a família não esperam que uma criança, em alguns casos com poucos anos, desenvolva uma patologia que traz risco de morte.
De acordo com dados de outubro de 2019 do Instituto Nacional do Câncer (INCA), cerca de 12 mil crianças e jovens (entre 1 e 19 anos) são diagnosticados com câncer anualmente no Brasil. Isso significa que, em média, 32 casos são descobertos por dia. A instituição ainda afirma que essa é a primeira causa de morte não acidental no país.
Felizmente, com os avanços tecnológicos e da medicina, atualmente, é possível diagnosticar e tratar a maioria dos tipos de câncer mais comuns nessa faixa etária. O câncer na infância representa um grupo de doenças que é caracterizado pela multiplicação descontrolada de células com alterações, ou seja, anormais. Dessa forma, pode ocorrer em qualquer região dos sistemas do organismo humano.
Neste artigo, apresentaremos quais são os tipos mais comuns de câncer infantil, os sintomas de alerta e como conviver com a doença nessa faixa etária. Confira!
Principais tipos de câncer infantil
O câncer infantojuvenil afeta, principalmente, as células do sistema sanguíneo e os tecidos de sustentação. Geralmente, esse tipo de câncer tem natureza embrionária, sendo constituído de células indiferenciadas. Isso é importante, porque, quanto maior a diferenciação da célula, maior é a dificuldade no tratamento. Dessa forma, nas crianças, os tratamentos recentes surtem ótimo efeito.
1. Leucemia
O câncer nos glóbulos brancos, chamados de leucócitos, é o mais comum entre 1 e 19 anos. Nessa doença, uma célula sanguínea imatura sofre uma mutação genética, transformando-se em cancerosa.
Essa célula, além de não exercer a função de proteger o corpo contra patógenos e infecções, multiplica-se rápido e não morre facilmente, como as células normais. O resultado é a substituição de glóbulos brancos saudáveis por células cancerosas.
Os sintomas mais comuns são:
- infecções frequentes ou graves;
- cansaço e fraqueza persistentes;
- manchas vermelhas ou roxas na pele;
- perda de peso rapidamente;
- desconforto no abdômen;
- episódios de febre persistente;
- sangramentos;
- dores nos ossos e articulações;
- palidez.
Para o diagnóstico, é necessário realizar a análise sanguínea, que pode demonstrar elevação ou diminuição da contagem dos glóbulos brancos. Além disso, a partir da suspeita da doença, pode-se fazer aspiração de medula óssea ou biópsia.
O tratamento tem como foco a destruição das células anormais, para que a medula óssea produza células normais novamente. Os métodos mais comuns incluem quimioterapia, radiação, terapia biológica e transplante de células-tronco.
2. Tumores do sistema nervoso central
O sistema nervoso central (SNC) inclui cérebro, cerebelo e a medula espinhal. Os tumores sólidos, ou seja, que não são leucemias e linfomas, surgem devido à multiplicação descontrolada de células. Nas crianças, esse é o segundo tipo de câncer mais frequente.
Os sintomas mais comuns incluem dor de cabeça, crises convulsivas, perda de funções neurológicas (como problemas de visão e na força de membros e alterações na capacidade intelectual, por exemplo), vômitos pela manhã, mudança no comportamento, tontura e perda do equilíbrio.
Quando há sintomas neurológicos ou suspeita de tumor no SNC, é pedido algum exame de imagem, como a tomografia computadorizada e a ressonância magnética com contraste. Existem, ainda, alguns estudos mais específicos.
O tratamento consiste em cirurgia. Após a retirada do tumor, o tecido é mandado para a análise patológica. Existe a possibilidade de o tumor ser benigno, não sendo necessário realizar quimioterapia ou radioterapia. Do contrário, essas terapias serão empregadas para complementar o tratamento.
3. Linfoma não Hodgkin
O linfoma não Hodgkin (LNH) é um câncer que surge nas células do sistema linfático, componente do sistema imunológico (de combate a doenças). Como esse tipo de tecido é encontrado em todo o organismo, o câncer pode ocorrer em qualquer região.
Entre os tipos de linfoma, o LNH é o mais comum na infância e tem como os sintomas mais comuns o aumento dos linfonodos (gânglios) do pescoço, axilas, virilha ou abdômen, suor intenso (principalmente à noite), febre, coceiras e alterações de pele e perda de peso rápida, sem causa.
Para o diagnóstico exato, é preciso realizar vários exames. Dentre eles, estão a punção lombar, biópsia (tecido para análise em laboratório, em geral, retirado dos gânglios linfáticos), tomografia computadorizada e ressonância magnética.
O tratamento depende do tipo de linfoma, mas, geralmente, é possível realizá-lo com radioterapia, quimioterapia ou associação de químio e imunoterapia. O objetivo é destruir as células tumorais.
4. Neuroblastoma
O neuroblastoma é um câncer que atinge o sistema nervoso periférico. Esse tipo de câncer é mais comum em crianças menores de 5 anos, o que inclui os recém-nascidos e crianças lactentes. Os locais mais comuns são as glândulas ad-renais (acima dos rins), abdômen, tórax e pescoço, perto da coluna vertebral. Além disso, pode afetar o fígado e os ossos.
Os sintomas são inespecíficos, visto que o câncer pode ocorrer em vários locais do organismo. No abdômen, os sinais costumam ser aumento do tamanho da barriga e dores, devido à massa abdominal. Se a massa surgir no tórax, pode haver dificuldade para respirar, por exemplo. Na coluna vertebral, as crianças apresentam déficits neurológicos focais ou paralisias.
Os pacientes com esses sintomas ou massas devem ser submetidos a tomografia computadorizada ou ressonância magnética. Após localização do tumor, é preciso fazer biópsia ou cirurgia. O tratamento depende da extensão do câncer. Em algumas crianças, após a cirurgia, realiza-se quimioterapia, enquanto, em outras, recomenda-se quimioterapia ou radioterapia.
5. Retinoblastoma
O retinoblastoma é um câncer que ocorre em 1/15.000 ou 1/30.000 nascidos vivos, sendo que a maioria dos casos inclui crianças com menos de 2 anos de idade. Dessa forma, representa cerca de 3% dos tumores na infância.
Os sintomas incluem estrabismo, reflexo pupilar branco em fotografias e, com menor frequência, inflamação nos olhos e dificuldade de enxergar. O diagnóstico é baseado no exame oftalmoscópico, ultrassonografia, tomografia e ressonância. O tratamento de pequenos tumores pode ser feito com fotocoagulação, crioterapia e radioterapia. Já com os tumores avançados e alguns maiores, deve-se realizar cirurgia. Quimioterapia é, em alguns casos, uma opção.
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A convivência com o câncer
Quando o câncer atinge uma criança, toda a estrutura da família é abalada. Muitas vezes, o dia a dia é tomado por consultas, sessões de quimioterapia e períodos de recuperação. Assim, é necessário que algum membro da família abdique do emprego e tempo livre para acompanhar a criança, comprometendo o orçamento da casa.
No entanto, segundo a Associação Brasileira de Ajuda à Criança com Câncer, quando o câncer é diagnosticado precocemente, as chances de cura ficam em torno de 80%. Dessa forma, é importante que os pais observem e fiquem atentos aos sintomas e sinais da doença. Na persistência de alguns sintomas comuns, como febre, por mais de 10 dias, é preciso procurar atendimento médico.
Apesar da caminhada difícil após o diagnóstico de câncer infantil, é importante que a família tenha em mente que há boa chance de sucesso no final. Otimismo e o pensamento de que trata-se de um problema a ser resolvido, e não de uma punição, são fundamentais nesse processo.
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